Simbiose, colaboração e a criatividade da vida.

por Thais Mantovani

Foto tirada no Aro Ha

Ancestralmente somos todos um. Viemos do mesmo lugar, do mesmo organismo.

Como a bióloga Lynn Margulis nos apresentou a vida dominou a Terra através da colaboração. Desde os primórdios da existência, as primeiras bactérias aprenderam a colaborar umas com as outras para se desenvolverem em organismos mais complexos e resilientes. De uma bactéria que apenas fazia digestão de outras, passamos a ter bactérias englobando outras com habilidades diversas tais como A respiração de O² e/ou fotossíntese e assim, trabalhando juntas, cada uma com sua habilidade. Com o passar do tempo temos um organismo completamente novo, uma célula Eucariota onde mitocôndrias (respiração de O²) são lembranças do conhecimento da antiga bactéria.

O que temos para aprender com essa inspiradora história da nossa evolução?

Primeiro de tudo a incansável frase: somos natureza. Precisamos sair da narrativa de separação e reducionismo que vem do Iluminismo e abrir os olhos para o contexto maior. Ter uma visão holística da interconexão da vida e entender finalmente que todos os seres fazem parte do nosso kin. Tudo que fazemos tem relações invisíveis com inúmeros outros sistemas a nossa volta. A negação da interdependência é consequência de uma grande domesticação humana, onde poucos escolhem as narrativas das verdade falsas unilaterais.

Se olharmos para a nossa história, a floresta foi nossa casa por muito mais tempo do que vivemos nas cidades. Somos conectados à natureza e sua espiritualidade há muito mais tempo do que o ceticismo e o separacionismo. Podemos aprender com a nossa própria história evolutiva a olharmos para as conexões. Somos organismos multicelulares com ancestralidade em bactérias, como todos os outros seres não humanos. E todos habitamos a mesma casa: planeta Terra!

Segundo, se quisermos evoluir como espécie vamos precisar colaborar. A colaboração é a base da existência da vida. Tudo que é vivo depende da colaboração de outros organismos para continuar vivendo. Você depende da colaboração da água com as plantas, com os fungos, com as bactérias para comer vegetais, frutas e carnes (animais que se alimentam de plantas). Da madeira que está nas nossas casa aos minerais que estão nos nossos celulares, nós somos interdependentes. Não há nada que você possa pensar que não venha de alguma colaboração do mundo natural.

Já, nós como espécie hoje estamos falhando em ver o mundo com olhos colaborativos, e seguimos extraindo tudo que queremos sem pensar nas ligações e relações que estamos quebrando. Quando cortamos árvores, esquecemos que elas formam o solo, que atraem e criam as chuvas, colaboram com os fungos e são cas e comida de muitas epecies. O mundo é feito de inter-relações. Sejamos inteligentes e sensatos para entender que a competição não nos levará À lugar algum. Se aprendermos a colaborar entre nós e com o mundo não humano, estaremos indo à favor da vida e não contra ela. Poderemos viver uma paradigma de mais abundância e regenerar a Terra.

Devemos colocar nossa humildade em dia e trocar nossa postura de protagonistas, para uma de peregrinos e aprendizes da vida. Saber trocar experiências sem julgamentos e valorizar a diversidade em todos os sistemas. A evolução da consciência se dá de forma colaborativa.

Por último, gostaria de ressaltar o quão criativo é todo esse processo. A união, fusão e englobamento de diferentes organismos, ideias e sistemas se descobrindo juntos.

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1.Célula a Célula. Vencedor do concurso Agar Petri, trabalho de Maria Peñil Cobo e Mehmet Berkmen. (Fotos de M. Berkmen).

2. O biólogo sintético Tal Danino manipula microorganismos em seu laboratório Synthetic Biological Systems Lab

A diversidade e colaboração são a chave da criatividade. Devemos soltar nossa imaginação e sair do quadradinho (imposto pelo sociedade atual) e co-criar nosso futuro. Somos bilhões de pessoas com sentimentos, intuições, pensamentos e sensações diferentes a serem compartilhadas. Viva a diversidade que nos faz resilientes. Viva a força da comunidade, os laços fortes que podemos criar com não humanos. Viva a nossa sabedoria ancestral. Nós brasileiros somos privilegiados de ter nosso povo ancestral vivo, para compartilhar conosco o que perdemos. Só basta abrir seus olhos. Não volte a dormir.

Por uma vida igualitária e unida ❤

 
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