Os Três Horizontes

por Thais Mantovani

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O esquema Três Horizontes é uma ferramenta de previsão que pode nos ajudar a estruturar nosso pensamento sobre o futuro por caminhos que estimulem a inovação. O esquema nos ajuda a nos tornarmos mais conscientes de como nossas intenções e comportamentos de hoje, individuais e coletivos, moldam ativamente o futuro.

Com o mapeamento das três formas de nos relacionarmos com o futuro, podemos trazer o valor de cada uma delas para a conversa de forma produtiva, promovendo a compreensão e a consciência futuras como bases para a ação colaborativa e a inovação transformadora.

🔴O primeiro horizonte (vermelho) representa os sistemas que prevalecem atualmente, que começam a mostrar sintomas de declínio e encurtamento dos ciclos de crises, com recuperações temporárias, mas que nunca atingem seu cerne. Em outras palavras, o H1 é o business as usual, ou o mundo em crise. É caracterizado pela inovação incremental, que mantém o business as usual ativo.

🟢O Horizonte 3 (verde) representa uma visão de um ‘mundo viável’ (H3). Talvez não sejamos capazes de definir cada detalhe deste futuro, já que o futuro é sempre incerto, mas podemos intuir quais transformações fundamentais nos aguardam, e podemos prestar atenção a experimentos sociais, ecológicos, econômicos, culturais e tecnológicos ao nosso redor,que talvez sejam amostras desse futuro em nosso presente.

🔵O Horizonte 2 (azul) representa o mundo em transição (H2). O espaço empreendedor e culturalmente criativo de inovações já tecnologicamente, economicamente e culturalmente viáveis que podem romper e transformar H1 em graus variados, com efeitos socioecológicos regenerativos, neutros ou degenerativos.

No momento em que essas inovações de H2 se tornam mais eficazes do que as práticas existentes, elas começam a substituir aspectos do business as usual. No entanto, algumas formas de “inovação disruptiva” (H2) acabam sendo absorvidas pelo H1 sem levar a uma mudança fundamental e transformadora, chamamos isso de ‘greenwashing’.

Porém, outras formas de “inovação disruptiva” (H2) podem ser pensadas como uma possível ponte do H1 para o H3.

Vamos entender o que são os diferentes tipos de inovação citados acima:

Inovação transformadora (H3) é aquela que se preocupa com o longo prazo e faz mudanças fundamentais na cultura e identidade de uma sociedade.

Inovação disruptiva (H2) é aquela que muda as regras do jogo. Faz mudanças estratégicas internas, eliminando o que não nos serve mais e se apoiando em nossas tecnologias, mudando a si mesma mas não a sociedade.

Inovação sustentável (H1) é aquele que mantém o jeito atual, apenas melhorando formas já pré estabelecidas. Ajuda o sistema a funcionar como ele já é apenas com melhorias incrementais.

Entender essa ferramenta nos ajuda a ter mais consciência de que futuro nossas ações e projetos estão impulsionando. Sabemos que muitas vezes é difícil projetar para atingir um mundo viável (H3), mas é importante saber discernir quando estamos apenas fazendo mudanças incrementais, ou se estamos questionando profundamente as formas de nosso sistema de valores. 

O objetivo é fazer perguntas melhores, que nos tirem do lugar comum, e nos ajudem a analisar com clareza onde estamos e onde queremos ir. Em um período de transição planetária que estamos vivendo, onde o sistema atual nos apresenta muitas crises, é fundamental mais do que nunca pensar a longo prazo e cuidar do que fazemos agora que impacta a nós e as gerações futuras.

Fonte: Livro Design de Culturas Regenerativas por Daniel Wahl e tradução editora Bambual.

Foto tirada no Ara Ha
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